Ultimamente temos ouvido muito a expressão “lugar de fala”, mas será que compreendemos realmente o que essa frase quer dizer?

Segundo a filósofa política Djamila Ribeiro “lugar de fala” está relacionado ao fato de nomearmos uma realidade, sobretudo àquelas que foram invisibilizadas no decorrer da história do nosso país.

Em seu livro “O que é lugar de fala?” a autora aponta para a necessidade de reconhecermos que os indivíduos partem de lugares, experiências pessoais e sociais e oportunidades distintas.

Djamila estimula o leitor a refletir sobre a experiência do ponto de vista racial para compreendermos em que medida o potencial de pessoas negras foi pormenorizado estruturalmente, ou seja, nas instituições públicas, meios comunicação e nos demais setores da sociedade. A filósofa situa ainda, a vulnerabilidade vivida historicamente pelas mulheres, sobretudo, negras. Enquanto mulheres brancas estavam lutando em determinado momento histórico pelo direito de não serem somente devotas do lar e sim, pela inserção no mercado de trabalho, as mulheres negras já eram obrigadas a vivenciar a experiência de trabalho pela necessidade, e em situação quase sempre indigna e sem qualquer garantia. Uma vez que experiências como essas são invisibilizadas, porque são tomadas como pontuais, anula-se toda a luta de um grupo social que vivencia as mesmas opressões.

Importante portanto, reconhecermos que há na sociedade “pontos de partida” diferentes entre as pessoas. Esse é aspecto fundamental para compreendermos as bases das desigualdades sociais.

Vale muito a leitura do livro “O que é lugar de fala?”.

Juliana Gonzaga - Assistente de projetos

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